domingo, 23 de junho de 2013

Sobre a solidão

Ano passado escrevi isso em um dos meus momentos de inspiração: 

"Viajar sozinho e meio sem rumo. A vida é igualzinha...Você entra num ônibus, trem, bonde...e nunca sabe o momento certo de descer. Nunca sabe o que/quem vai encontrar. As pessoas passam, os lugares passam....e no fim é só você e você mesmo."

Algumas pessoas já me disseram que sou corajosa de viajar sozinha e largar tudo como fiz. Concordo, de certa forma, pois as pessoas se sentem mais seguras com alguém ao lado, mesmo que essa pessoa esteja lá somente de corpo presente. Porém, a experiência de ir e somente ir, aonde você bem entender é libertadora. Sem depender de ouvir o que os outros querem, sem a sensação de segurança...pode parecer egoísmo, mas as pessoas precisam de espaço, precisam ficar sozinhas para se sentirem e se descobrirem, de fato, como um ser completo. =]

Bruxelas - Bélgica
O único problema de se viajar sozinho é que não tem ninguém para tirar fotos decentes, 

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Lá e de volta outra vez

Hoje estava lembrando do texto que escrevi quando estava prestes a voltar da Irlanda. Acredito que, de tudo que já escrevi na vida, aquele texto foi um dos que eu melhor consegui me expressar. Apesar disso, acho que nunca conseguirei expressar o que o "voltar pra casa" significava para mim. 
Quando decidi ir para Irlanda, eu namorava, tinha um emprego na minha área de estudos, tinha amigos e companhia para tudo. Eu amava minha vida. Porém, de uma hora para outra, faltando 10 dias para a viagem, tudo virou de cabeça para baixo. Sempre tive em mente que a vida é assim mesmo...nunca estamos seguros e nada é certo. Então continuei com os planos e viajei. Longe de tudo, pude me recompor, pensar sobre minha vida, me (re)conhecer, me reinventar...
Depois de quase 1 ano de volta, posso afirmar com propriedade que os efeitos que todo esse processo me causou ainda não chegou ao fim. A Irlanda me mudou de tal forma que ainda não consegui avaliar completamente.
Faz quase 1 ano que voltei e a depressão pós volta ainda me visita com certa frequência...esse é um dos preços que não citei no meu texto de "volta". 
Só para ter guardado aqui no blog como parte importante da minha vida...aí vai o texto:

Intercâmbio...

O sonho de todo ser aventureiro na face da terra.

O que eles não te contam é que intercâmbio te quebra...em todos os sentidos. Principalmente se você for o adulto que pagou por tudo (ou que dá valor pro esforço dos seus pais). E o adulto que saiu do país para aprender, e não pra se livrar dos próprios pais.
Ele quebra seu bolso, suas certezas, seus preconceitos...mas, principalmente, quebra seu coração.
Sim, minha gente. Você vai pra outro país, sozinho...Você faz amigos completos. Amigos que servem pra tudo: sair pra balada, conversar sobre os problemas que você deixou lá do outro lado do planeta, amigos que te fazem janta, que fazem papel de família (passam juntos o carnaval, a pascoa, dia das mães, dos pais, dia dos namorados e até o Natal e Ano Novo)...Amigos que te abraçam e que te acolhem sem saber nada sobre você. Muitos deles estrangeiros, que como você, queriam aprender algo. É aí que você descobre que japoneses e coreanos não são frios como todo mundo diz, que nem todo irlandês toma banho só uma vez por semana, que nem todo espanhol fuma, nem todo italiano é tarado e que você não precisa ter vergonha de ser brasileiro porque a maioria das pessoas não te julga por isso.
Intercâmbio faz de você um cidadão do mundo.
A maioria das pessoas que não fizeram intercâmbio não entendem essa conexão entre os amigos que fazemos por aqui. E eles nunca vão entender...até passarem pelo mesmo.
Homesick? Uma hora você vai sentir isso...e pra quem você vai correr?
Um hora ou outra você vai ter um problema, vai ficar deprimido, se sentir culpado por estar longe dos seus avós que estão velhinhos, ou por ter perdido o nascimento do filho de alguém querido, o aniversário de alguém importante pra você...
Quem vai estar lá pra te fazer companhia nessas horas? Sim...seus amigos que você "acabou" de conhecer.
=]
É inútil dizer tudo isso, dar todos esses exemplos. Você não vai entender a não ser que tenha passado por tudo isso. Longe de casa (mas eu digo LONGE mesmo), tudo triplica de tamanho e importância.
Eu devo gostar de sofrer mesmo, pois já estou no segundo intercâmbio. Segunda vez de dizer tchau pra todas as pessoas que foram minha família por algum tempo...e esperar vê-los novamente um dia desses. Relembrar, abraçar, contar histórias...
Sim, meu amigo...intercâmbio te quebra de uma tal forma que você não vai, nunca mais, se livrar das cicatrizes. E é muito bom (e um pouco triste também) ter uma história por cicatriz pra contar.
Quem faz intercâmbio vive! Sai da zona de conforto, descobre coisas inimagináveis e nunca volta pra casa sendo a mesma pessoa.
E, na maioria das vezes, uma saudade inexplicável e o desejo de sair porta afora nunca mais te abandonam...